segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

A lenda João Figueiredo

Uma cidade dividida por um rio. Em todo o mundo isso é uma cena comum. Não vamos longe, a vizinha Campos dos Goytacazes tem essa realidade. O óbvio seria a construção de uma ponte – o que até teve início em 1981 – e acabaria o problema. Acabaria, mas não acabou. O que acabou em 1995 foi o grande município. Na margem esquerda do rio se emancipou São Francisco de Itabapoana. A divisa com São João da Barra é demarcada pelo Rio Paraíba do Sul e com a sombra dos pilares da lendária Ponte João Figueiredo.
O tempo passou, o desenvolvimento chegou aos municípios. Foram muitas mudanças: o orçamento cresceu graças aos royalties do petróleo; em São João da Barra é construído o maior Porto Indústria da América Latina; já São Francisco receberá um porto e ainda se tornou referência por receber um parque de geração de energia eólica.
A necessidade da ponte agora é outra. Antes era para fazer a ligação entre as duas margens do rio de um mesmo município. Atualmente, a necessidade econômica é maior. A lendária João Figueiredo desafogaria o tráfego de veículos pesados na BR 101 e seria mais uma opção para ligar os estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, o que vai colaborar para o desenvolvimento de toda a região.
Parecia que a lenda viraria realidade. O consórcio Paraíba do Sul, formado pelas empresas Premag e Imbeg, venceu a licitação e chegou a colocar as máquinas para dar início às obras da nova ponte. Sim, nova ponte. De acordo com os técnicos, se gastará menos dinheiro público na construção da nova ponte do que se fossem reaproveitados os pilares antigos.
Mais uma vez parecia que o problema seria resolvido, mas não foi. Um dia antes de o governador do estado vir a São João da Barra para o lançamento da pedra fundamental, a obra foi embargada. Uma empresa que perdeu o processo licitatório do Departamento de Estradas e Rodagens contestou que o consórcio vencedor não teria apresentado a documentação exigida.
Continua a saga de uma lenda entre dois municípios no Norte Fluminense. Haverá um dia em que uma ponte interligará as margens do rio. Muitas são as teorias para a obra não dá certo. Tem gente até que atribui o problema ao nome do último militar no poder, daí resolveu renomear à ponte por conta própria. Outros, mais radicais, acreditam que do jeito que o Paraíba vem perdendo fluxo e vazão, não vai demorar muito para atravessar de uma margem a outra a pé, sem a necessidade de gastar o erário público na construção da via sobre o rio.
A torcida é pelo desenvolvimento da região e que todos os entraves burocráticos sejam solucionados o mais breve possível. Mas que a lenda João Figueiredo já virou motivo de piada na cidade há algum tempo, isso não dá pra negar. Tem até caloteiro por aí prometendo pagar todas as dívidas quando a ponte ficar pronta.
Opinião Pública: SJB online

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